20 de mar. de 2012

Escolha uma Mesa


Somente recebi esse cartão e mais nada, será isso um teste? Caminho pelo corredor, logo se avista uma luz forte no final dele, fui orientado a só ler o cartão quando chegasse ao meu destino.
Era uma sala ampla, bem iluminada, com 5 mesas brancas, em cada uma delas haviam 3 pessoas, sendo que tinham 4 cadeiras em cada. Os estilos eram bem diferentes, todos sem exceção conversavam. Abri o cartão.

“Escolha uma mesa” – simplesmente dizia.

Bati o olho em todas, vi um dos integrantes da mesa 4 gargalhando sem parar. “Aquela mesa deve ser divertida de ficar, vou até lá” – pensei.
Chegando lá, vi que o rapaz que gargalhava, era o que comandava a conversa, e fazia a maior parte dos temas e piadas, as vezes outro integrante fazia um comentário, mas na maioria das vezes, riam sem parar pelos mais diversos motivos.
Ri muito ali, mas percebi algo interessante, são só piadas, coisas que fazem agente se divertir, e uteis para o tempo e o tédio passar mais rápido. Depois de um tempo, aquilo cansa, porque nunca muda, são só gargalhadas.
Sai daquela mesa e fui para a próxima, esses falavam mais baixo, “Devem ser mais educados, talvez” – pensei.

Uma menina estava falando com a cabeça encolhida na mesa, gesticulando para uma menina da mesa 2, ela falava sobre o ex namorado dela, largou ela grávida depois de uns meses, “Galinha, cafajeste” – palavras se repetiam na sua boca. Demorou para eu decifrar, mas aquele ex namorado era o que comandava as gargalhadas na mesa 4. Um menino dessa mesa sempre ficava com a líder das conversas, ouvia todas as fofocas que jogavam nele, e claro, dava as que ele tinha também. Logo mais ele sussurrou no meu ouvido; “Quero pegar ela” – tentei não me espantar para nenhuma suspeita(aprendi isso com eles), isso explica seu comportamento.
Soube muito ali, mas muito que eu não precisava saber. Aquela menina era mal falada por todas as mesas como fofoqueira, na verdade, só se sentia bem(se enturmava) com outros fofoqueiros. Sai e fui para outra mesa.

Nessa mesa os integrantes falavam pouco, e baixo. Eram os derrotados, esperavam tudo de seus sonhos, mas a realidade fez questão de mostrar que eles não existiam. A menina que era motivo da fofoca da mesa anterior agora estava chorando, ninguém da mesa olhou para ela, todos estavam no mesmo estado. A outra não sabia mais o que era real ou não, era “Uma intrusa no mundo” – pelas suas palavras, alguém que ninguém ouvia gritar, e ninguém ao seu redor sabia de sua existência, o que levava ela a duvidar da própria. O ultimo chamavam de nerd, tinha roupas normais e tudo, só que jogava rpgs e lia livros medievais. Preferia sempre ficar com os amigos da internet, eles são mais reais do que todos esses caras que nem sabem o seu nome. Sua manga longa caiu, pude ver vários cortes debaixo dela. Triste, marcas da incoerência que esse mundo tem. “Fazia tudo para ser ouvido” – eles sussurraram.
Fiquei triste, aquilo existia, mas já que eu não via, não ficava tão triste, comovente. Fui para outra mesa.

Nessa mesa todos conversavam normalmente, eram pessoas normais, falando sobre assuntos do interesse mutuo, sem nada de diferente. Alguns me rejeitaram nesse grupo, porem outros, não viram porque eu não poderia entrar.
Fiquei do mesmo jeito que entrei, sem mudar nada. Sai para a ultima mesa.

Notei algo diferente nessa mesa, mas depois de um tempo descobri claramente o que acontecia. Todos ali estavam nas nuvens pelo amor, sofredores da duvida entre aceitação e rejeição, aquela velha historia de sempre. Mas enquanto uns amavam, outros também esperavam esse amor aparecer em sua vida.
Esse pessoal me ensinou a como esperar alguém, rosas, penteados magníficos, momentos perfeitos, aquela sensação inconfundível, isso tudo acompanhado com poemas românticos. Me pergunto da onde tiraram esse critério? É mesmo necessário ser uma replica de filmes românticos para poder amar? Como essas representações do amor podem ser certas?
Essa mesa me deixou mais duvidas do que soluções, pessoas usando romantismo como se fosse uma droga, a fim de preencher tantas outras necessidades...

Antes que eu me levantasse – pronto a fazer minha escolha – a menina grávida da mesa 2 saiu correndo para um canto mal iluminado da sala, chorava ali.
Por uma curiosidade inexplicável, fui até la tentar entende-la. Ela estava confusa, se questionando varias vezes o porque de isso tudo não fazer sentido, não como fazia ha meses atraz. Deverei ajuda-la?

–Escolho essa mesa – disse para o alto.
A simulação terminou, minha escolha foi dada, ajudar o que esta no meu alcance. E você? Qual mesa você escolheu/iria escolher?

2 comentários:

Camilla ♥ disse...

Com certeza eu também ajudaria a moça!

André Ktec *-* Tem post novinho no meu blog! Bora ir lá ler?

Bjonas e fique com Deus ♥

Camilla Martins - http://sugar-dance.org

Camilla ♥ disse...

Oie, tudo bem?

Tem post novinho no blog!

Bjonas e fique com Deus <3

Camilla Martins - sugar-dance.org

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